1.04.2009

Espera

Não é dos meus melhores, mas também quem é que é perfeito?

 

Sentada no banco de jardim, ela espera. O seu olhar é melancólico e toda a sua pessoa exala uma aura de calma e soberania. A sua postura é recta, cabeça erguida, ombros direitos, mãos poisadas no colo e pernas cruzadas.

Uma criança que passou disse que ela era uma princesa e, de facto, todo o seu aspecto o parece indicar.

O seu vestido é branco, de uma brancura tal que parece emitir um brilho ténue. O cabelo, longo e solto, de um negro intenso parece captar a luz de uma forma misteriosa e os reflectos que emite são hipnotizantes…

O seu rosto é desumanamente belo, de um branco marmóreo e o cabelo emoldura-o, chamando a atenção para os olhos azuis.

Há nela uma serenidade irreal, como se não pertencesse a este mundo. Quase parece que o mais pequeno toque a fará desaparecer como uma bolha de sabão.

Se nos concentrar-mos nos olhos, vemos que para lá do azul se esconde uma tristeza imensa, que pareçe ser impossível de suportar. Uma espécie de dor desconhecida ao ser humano, uma dor que mataria qualquer um.

E, no entanto, ela não se mexe. Nenhum suspiro se desprende dos seus lábios, nenhum trejeito de dor lhe turva a expressão serena.

Não pede auxilio.

Não fala.

Apenas se senta no banco como quem espera.

Dentro de pouco tempo irá levantar-se e afastar-se do parque com um ar desapontado.

No entanto, continuará a voltar, dia após dia após dia após dia…

Continuará a fazê-o até que aquele por quem espera apareça…

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