5.22.2010

no more dreaming like a girl...
so in love with the wrong world


 Eu sabia... aliás, eu sempre soube. Sempre soube que não valeria a pena... bem cá no fundo eu sabia, apesar de ter mantido a crença abafada, apesar de a ter tentado ignorar. Porque queria muito ser como os outros, ser 'normal'. Fazer parte desses muitos felizardos que vivem na ignorância. E por isso, ingenuamente, como uma criancinha, fui acreditando. Convencendo-me a cada dia que passava que não havia problemas, que era possível.

E  consegui-o. Durante algum tempo consegui aquele equilíbro precário entre o real e o criado, entre um mundo e o outro... e estava feliz.

Fui egoísta. Pensei que seria assim tão simples, mas não foi. Nunca é... e por minha culpa, minha e da minha vontade de pertencer magoei quem amava. Quem amo. Por causa desta minha estupidez. Devia ter percebido, devia ter compreendido. Não vale a pena fugir pois não? Estamos destinados a perder tudo não é? Devemos estar amaldiçoados...

Não é justo, porra. Não é justo. Ele não merecia... que fosse eu, tudo bem. Era o MEU erro, era EU que devia pagar... não ele. Porque é que o tive de perder? Não é justo. E o pior é que ele sabia... sabia quem eu era. Quem eu sou. Mas não quis saber. Idiota. Ele e eu. Dois tolos.

Afinal... a culpa foi minha por sonhar com um mundo que não era o meu.

5.03.2010

porque agora vou falar. e vais ouvir-me, quer queiras, quer não. sim, porque eu estou farta disto. de tudo isto. de comer e calar. de fazer o que dizes, não o que fazes. o quê? pensavas que ia aturar isto para sempre? só se fosse parva, idiota. e fui. ou, pelo menos, fui cega, e não quis ver a verdade quando me dançava a frente dos olhos. acho que no fundo, no fundo, fui ingénua. e tola, ao acreditar em tudo o que me dizias. quantas foram, afinal? sim, quantas? as que tal como eu caíram nas tuas falinhas mansas, e compraram cada palavra falsa que dizias, pedindo mais no fim... eu, para variar, tinha de ser como as outras. eu que até me orgulhava de dizer que não, que não me deixava levar assim tão facilmente. eu que dizia que nunca deixaria que me acontecesse uma coisa dessas. e afinal... afinal fui mais uma no teu pequeno jogo. dá-me vontade de rir. porque qualquer um seria capaz de ver por detrás dessa tua máscara tão cuidada, e eu não. e aposto que se riram de mim. aposto mesmo. devo ter sido motivo de gozo por todo o lado. eu, que me dizia diferente, afinal era tão cega como as outras. afinal, deixava-me levar facilmente por palavras doces e um sorriso pintado. e depois, mesmo sabendo que não dava mais, que tudo não passava de um engano, que afinal não era diferente de ninguém, o meu orgulho não me permitia dar o braço a torcer, não. eu sempre fora a última a ceder, tão teimosa como os burros, como se costuma dizer. mas os burros são criaturas inteligentes, e eu, tão certa da minha posição, mesmo já sabendo, recusei-me a ver. mas sabes que mais? tudo o que é demais enjoa e eu estou farta. não quero saber mais, pronto. porque gozada, já não vou ser. e tu, e tu, meu menino, vais pagá-las todas juntas. e se eu for, tu também vais. porque assim, ao menos, não te ficas a rir de mim.