4.06.2009

Portas - Sozinha

Afinal tinha conseguido. Ainda não sabia bem como, mas estava sã e salva. Por incrível que pareça, alcançara a porta e esgueirara-se para o interior de um velho armazém em ruinas. Pressionara-se contra essa mesma porta, fazendo com que ela parasse de abanar. Durante o que lhe pareceram horas, susteve a respiração, ouvindo os passos a aproximarem-se, depois deixando de os ouvir, sendo o som que não ouvia substituído pelo bater desenfreado do seu coração e pelo medo de que talvez se tivesse aperbido da porta. Mas então os passos recomeçaram, tornando-se cada vez mais distantes, e ela pode respirar de alívio.

Como era óbvio, não iria voltar pelo caminho por onde tinha vindo, não era estúpida ao ponto de correr o risco de ser apanhada por um descuido desses. Em vez disso avançou silenciosamente para o interior do velho armazém, mergulhado na escuridão. Nesta altura, já se tinha habituado minimamente à falta de luz, mas ainda assim, tudo o que conseguia ver eram contornos dos objectos encerrados naquele espaço. No entanto, sabia que tinha de haver outra saída Quando uma porta se fecha, abre-se outra, pensou, se bem que pudesse não ter a sorte de encontrar outra porta. Ou pelo menos uma aberta. Por esta altura, já tinha perdido a noção do tempo, pura e simplesmente porque não conseguia ver as horas. Não sabia se só tinham passado minutos, se horas, desde que tinha conseguido roubar o dinheiro. Também não importava muito, não tinha propriamente alguém à sua espera.

Finalmente encontrou aquilo que procurava. Uma fresta de luz. Não que ela estivesse propriamente à procura de uma fresta de luz, mas a presença de uma indicava uma porta. O seu coração deu um solavanco, e avançou com o dobro da velocidade para a sua pequena réstia de esperança. Tacteando, conseguiu encontrar uma espécie de puxador e, colocando todo o seu peso contra a porta, conseguiu movê-la o suficiente para ser capaz de passar.

Respirara o ar fresco da noite como se fosse a primeira vez. Rapidamente, identificara o local onde estava e, sem demoras correu para o seu carro.

Saiu daquela zona da cidade o mais depressa possível, só parando em casa.

Enquanto estava no duche, pensou no que lhe tinha acontecido, mal sabendo que era apenas o princípio de tudo.

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