4.01.2009

Portas – Início

Enquanto corria, ouvia passos atrás de si. Pelo som pareciam estar a uma distância considerável, mas o ritmo era constante, como se a estivessem a seguir. Quem poderia estar a fazer tal coisa, áquela hora da noite e naquela zona sombria da cidade? E logo agora, que tinha conseguido fugir com o dinheiro. Por um golpe de sorte, apenas. E tanto que ela tinha trabalhado para o conseguir... Será que alguém a tinha observado, e agora a perseguia, com a intenção de roubar o fruto do seu trabalho? Ou podia ser que (e o pensamento arrepiou-a) os passos que ouvia atrás de si significavam que um dos muitos polícias na cidade desconfiava dela e esperava o momento certo para a algemar e prender?

Olhou nervosamente à sua volta. Subitamente, viu o beco. Como um relâmpago, correu para a sua esquerda e desapareceu pelo meio de dois armazéns prestes a ruir, por cima de uma lata do lixo caída a meio do passeio. Tentou seguir pela escuridão cerrada e subitamente densa tacteando à sua volta: era um beco sem saída, tinha de voltar atrás. No entanto, viu-se impossibilitada de o fazer, o som dos passos era cada ver mais alto, mantendo o ritmo. Por breves instantes, viu o contorno negro de uma figura a dobrar a esquina. É este o fim da linha?, pensou, enquanto se empurrava contra a parede, tentanto ficar invisível. Todos os meus planos, a energia desperdiçada, será que foi tudo em vão? Suava agora em bica, e tremia, um misto de frio e medo. Os passos aproximavam-se e mesmo quando pensava que todas a suas esperanças de escapar se tinham evaporado ouviu um som que quase a fez saltar de alegria. Chiando, quase imperceptivelmente, uma porta balançava para trás e para a frente na brisa da noite. Poderia ter encontrado o refúgio que tanto procurava? Será que ia conseguir escapar? Deslizou lentamente para a porta, empurrando-se mais e mais contra a parede, para o escuro, longe do seu inimigo. Iria esta porta salvar-lhe a pele?

2 comentários:

  1. Cada vez os meus comentários se tornam mais repetitivos, mas paciência. Não há muito que possa fazer.
    De facto, este é mais um texto bem escrito, onde quase que penetramos nas palavras.

    Duas palavras: Quero mais : P

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  2. Então??????
    Isto não se faz... onde está o resto da história?
    Estas coisas do suspense deviam ser proibidas! Ai...

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