2.25.2009

Alex e Caleb

- Sabes uma coisa, Alex? -  pergunta ele com os olhos postos nela, sentada do outro lado da mesa com um ar enfadado.

- Não, sei muitas. – a resposta é quase automática, sem interesse. Afinal, ela é que o teve de ir buscar aquele malfadado bar, onde praticamente todos a olhavam como se fosse algo comestível, – Por exemplo, sei que estás podre de bêbado.

Pobre rapaz, tinha uma fraca tolerância ao álcool… Ela suspirou, esta conversa não iria trazer nada de bom.

- Não, não estou. Mas esse não é o interesse desta conversa – continuou, com os olhos presos nos dela. Bolas, odiava quando ele fazia isso. Aquele âmbar liquido dava cabo dela, mesmo agora, assim semi-enevoado e tudo… – O que interessa é que tu és muito porreira…

Alex suspirou outra vez e revirou os olhos

- Pois eu sei que sim, quando morrer vou para o Céu e tudo… Podemos ir embora agora? – E começou a levantar-se, mas a falta de movimento do seu amigo de infância fê-la voltar a posição inicial.

- Não, a sério, és mesmo mesmo mesmo a melhor. A sério. Vieste aqui e tudo. E ajudas-me e tudo. E eu que posso virar uma aberração a qualquer instante.

- Fala baixo idiota bêbado. O teu pai é que me pediu, e sabes bem a consideração que eu tenho por ele. Além disso, parecia mal estares aqui num festival de auto-comiseração, no meio desta gente toda. Fizeste-me atravessar meio país Damien.

Ele pareceu encolher-se um pouco, e ponderar as palavras dela.

- Achas que eu me posso tornar no mesmo que o meu pai? – E pronto, cá estamos nós outra vez. Ela respira fundo, enquanto pensa numa forma de animar a situação.

- Como o Mac? Nem por isso, afinal ele é um neurocirurgião e tu estás em arquitectura… não me parece que chegues lá. – Disse as coisas com um sorriso, e com um tom brincalhão, mas ele não retribuí. É claro que não se estava a referir ao Mac.

- Ouve – E desta vez o tom é ameaçador, e debruça-se sobre a mesa, ignorando os olhares que lhe lançam, a outras partes do corpo que não a cara. Agarra-lhe nos ombros – Eu conheço-te desde quando? Os meus dez, doze anos? E conheço a história da tua familia biológica e sabes que mais? TU não tens nada haver com eles, ok? Porque tu tens algo que eles não tinham.

- Sério? – Meu Deus, ele parecia ter 5 anos e não 27.

- Um Deuce, por exemplo, e um Mac – também queria acrescentar que a tinha a ela, mas achou melhor não arriscar – Anda lá, senhor do mal. Vamos embora.

 

E é ela que conduz, até ao hotel de luxo onde ele está alojado… É ela que lhe atura as baboseiras que ele diz e que o ajuda a deitar-se.

- Sabes que mais Alex? – a voz dele já lhe chega abafada, de ter a cabeça enterrada na almofada.

- Sim, Damien? – Pergunta, levantando os olhos do livro. Será possivel que ele não se cale? Sinceramente, se isto contiuar vou ter de começar a cobrar ao Mac.

- És mesmo a maior.

São estas as últimas palavras que diz antes de começar a ressonar. Ela sorri. Pois claro que era a maior.

4 comentários:

  1. Altamente! Eu adoro diálogos! =)
    Este está muito bom...

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  2. Bigada!...
    Pela primeira vez apeteceu-me fazer um diálogo, acho que vou criar uma série com eles xD

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  3. Acho que fazes muitíssimo bem!
    Eu também tenho feito alguns... Eu realmente curto bués diálogos! LOL

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  4. Juro que gostei mesmo MUITO!

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